História:

Pouco se sabe sobre as prováveis orígens do io-iô, havendo inúmeras teorias correntes, mas o que se sabe é que trata-se de um dos passatempos mais antigos de que se tem notícia na história da humanidade, sendo considerado o segundo brinquedo mais antigo conhecido (o primeiro teria sido a boneca).

As histórias sobre as suas orígens são muitas, assim como seus registros ao longo dos tempos.

De entre as orígens lendárias mais populares entre colecionadores e jogadores profissionais, há a que conta que na pré-história, alguns povos primitivos da Ásia teriam inventado uma "arma" para caçar animais de pequeno e médio porte, que seria composta de pedras amarradas às extremidades de um pequeno tronco de árvore e que seria atirada de cima de árvores à cabeça desses animais. Como era preso a uma corda, seria fácil recolher a "arma" para repetir a manobra.

Há também quem diga categoricamente que o io-iô teria nascido nas filipinas, no séc. XVI como uma "arma" que pesava dois quilos e a corda tinha 6 metros, mas que em 1929, Louis Marx teria transformado o io-iô em um brinquedo.

Acredita-se que o io-iô teria surgido na China, por volta do ano 1000 A.C. Mas pouco se tem de informações à respeito e há muitos países que clamam a sua orígem.

No museu antropológico de Merida, na península de Yucatán, encontra-se em exposição um suposto io-iô do período Maya, datado de cerca de 700A.C.

No Metropolitan Museum of Art, de Nova York, estão expostos objetos e desenhos relativos ao objeto, encontrados na Grécia, datando de cerca de 400 a 500A.C.

Sabe-se de urnas desse período, com pinturas que descrevem o seu uso, incluindo alguns truques simples, como o popular "cachorrinho" (walk-the-dog).

Especula-se que na antiga Grécia, Sócrates utilizava o brinquedo para treinar seus discípulos nos caminhos da sabedoria, como exercícios de relaxamento.

Atualmente, no museu Louvre, em Paris, encontra-se uma pintura de Mne. Vigee-Lebrun, datada de 1789, retratando o Rei Luis XVII da França, brincando com o seu io-iô, que na França, ficou conhecido como "Incroyable" ou "l´emigrette".

Mas certamente a maior parte dos registros modernos sobre io-iô vêm dos EUA...
A primeira patente americana de um io-iô data de 20 de novembro de 1866, e está registrada nos nomes de James L. Haven e Charles Hittrick. No entanto, não se utilizava ainda o termo "yo-yo" (ou qualquer outra palavra com essa pronúncia), sendo então conhecido como "brinquedo de roda".

Após essa época, surgiram diversas patentes apresentando melhorias no tal "brinquedo de roda", como o formato "butterfly", cuja patente foi de William Katz, de 27 de agosto de 1878.

Em 1904, na Feira Mundial de St. Louis, foi comercializado um souvenir, considerado o io-iô datado mais antigo.

Conta-se que no início do século XX, os io-iôs eram brinquedos muito populares nas filipinas e Alphonso Flores Mirafuentes, um imigrante filipino que viveu na baía de San Francisco, resolveu então fabricar e comercializar o brinquedo nos EUA, com o nome de "Flores Yo-Yo", em 1920, dando assim início à popularização do io-iô nas Américas... A imprensa da época dizia que seria uma mania que duraria poucas semanas.

Em 1927, Donald F. Duncan se associa a Flores na divulgação do brinquedo.

Até 1928, os io-iôs também eram conhecidos nos EUA como "bandalores". Termo que caiu em desuso e saiu do vocabulário.

Também em 1928, Pedro Flores promoveu o primeiro concurso de io-iô em Santa Barbara, California, dando início à primeira "febre" de io-iô conhecida.

Mais tarde, em 1929, compra os direitos sobre o brinquedo e a marca "Yo-Yo", iniciando em seguida (1930) uma enorme campanha promocional para apresentar o io-iô às crianças, contando com a ajuda do então gigante da editoração, Wiliam Randolph Hearst, que lhe concedia espaço para a propaganda em seus jornais na California, promovendo concursos de io-iô. Os candidatos tinham de vender 3 assinaturas do jornal para entrar nos concursos. Nas primeiras 8 semanas, o jornal já contava com 50000 novas assinaturas.

Ao mesmo tempo, um fabricante de brinquedos de lata da inglaterra (Louis Marx), fabricava os io-iôs da marca "Lumar", que mais tarde foram comercializados também nos EUA.

Por volta de 1940, devido à Segunda Guerra Mundial, houve falta de material e mão-de-obra para confecção de io-iôs.

Em 1950, Pedro Flores relançou a marca "Flores Yo-Yo". (Não confundir com Alphonso Flores Mirafuentes!)

Ainda em 1950, Duncan lançou o "Electric Lighted yo-yo", que acendia e foi fabricado também o primeiro io-iô em plástico fosforescente (Dyna-Glo).

Nessa época, a Duncan (dona da marca "yo-yo" nos EUA), comercializava seus io-iôs também com o nome de "Cheerios", porque no Canadá, a marca "yo-yo" pertencia à empresa canadense "Cheerio".

Também em 1950, surgiram os "starbursts" como sistemas de retorno, que só foram patenteados em 1966, por Joe Radovan.

O primeiro io-iô "butterfly" é de 1958... de novo através da Duncan Company, porém, 80 anos depois que William Katz patenteou o formato.

Em 1959, Jack Sauer criou um "boneco io-iô". Foi a primeira vez que se soube de um eixo rolamentado.

Ainda em 1959, E. Maderas patenteou o gap ajustável.

Com o retorno dos soldados americanos da Segunda Guerra Mundial, houve um significativo aumento na população infantil, até que em 1962, a febre do io-iô atinge o seu mais alto estágio, tornando-se mania nacional, contando inclusive com ilustres incentivadores como os presidentes dos EUA: Johnson, Nixon e John F. Kennedy, que sabia realizar (como se conta), mais de 160 truques de io-iô.

Antes de 1965, 85% dos io-iôs vendidos nos EUA eram Duncan, mas faliu nessa época.

Em 1965, Milton Issacson criou o primeiro io-iô de eixo rolamentado. Detalhe: nos desenhos da patente, já haviam os "aros de peso".

Em 1968, a marca "Duncan" foi comprada pela "Flambeau Plastics", que continua fabricando io-iôs até hoje.

Em 1974, o presidente Nixon jogou io-iô com a lenda da música country Roy Acuff. 20 anos depois, autografou o io-iô, leiloado por $16.029,00.

Em 1979, o maior io-iô do mundo foi jogado de um guindaste de 100 pés. O io-iô media 50 polegadas de diâmetro e pesava 256 pounds. A "cordinha" era uma corda de dacron de 3 quartos de polegada. Tratava-se de uma réplica de um "Tom Kuhn 3-in-1 No Jive".

Em 1984, a Yomega lança seu primeiro io-iô com mecanismo de retorno automático, conhecido como "Yo-yo with a brain".

Tal é o valor cultural universal por tras do io-iô, que este teve a honra de ter sido escolhido para ser o primeiro "brinquedo" a ser usado no espaço, à bordo do ônibus espacial Discovery em 1985 e depois no Atlantis, através do astronauta Jeffry Hoffman, que não conseguiu faze-lo "dormir", mas os astronautas se divertiram muito com o truque "volta ao mundo", definitivamente muito mais fácil sob "ausência de gravidade".

A missão STS-46 partiu dia 31 de julho de 1992 e retornou em 9 de agosto. Esse io-iô acabou fazendo 127 voltas ao redor da Terra e viajou 3.321.007 milhas. Sem dúvida foi a maior "volta ao mundo" já feita com um io-iô.

Em 1993 foi fundada a "Associação Americana de Io-iô" (American Yo-Yo Association, ou AYYA).

De tempos em tempos, a febre ressurge, fascinando crianças, jovens e adultos de todas as camadas sociais. No entanto, ainda são poucos os que vêm no io-iô muito mais que um brinquedo. Alguns vêem no objeto, uma máquina de acrobacia, ou um esporte, ou uma terapia, ou um hobby...

(Texto e pesquisa por Claudio H. Picolo)